Saudações a todas as cornetas presentes, e se possível, mentalmente sãs neste último post do pior ano da história moderna - e provavelmente também o pior que o Botafogo já nos proporcionou. Do último post pra cá, praticamente tudo foi ladeira abaixo.
Avisei ainda em outubro que a demissão amalucada do Lazaroni - que em si já assumiu após uma saída desnecessária do Autuori - só poderia ser solucionada com a contratação de dois nomes disponíveis no mercado e que cabiam no nosso orçamento, além de serem com perfil de arrumar a casa e buscar trabalho: Larghi e Machado.
Bom, a nossa ilustre diretoria, sempre nada competente, decidiu que a boa era repatriar TULIO LUSTOSA, o jogador símbolo do maldito episódio do chororô, pra ser dirigente de futebol. Foram alguns dias sem definição de técnico, e ante pressão da torcida, tentaram ir no mercado externo. Acharam um bom nome: Ramón Diaz.
Mas como TEM CERTAS COISAS QUE SÓ ACONTECEM COM O Botafogo, o cara veio bichado. Isso mesmo, o técnico veio bichado: o cara tinha câncer e precisava operar. Enquanto os filhos treinavam e dirigiam o time em campo - com atuações pífias e derrotas vexaminosas, mas pelo menos melhorando a parte física que sempre foi obsoleta - o cara tava operando, e acabou-se descobrindo que o estado dele era pior que o esperado - ao menos foi o que o Botafogo veiculou. Numa manobra jamais vista na história, DEMITIRAM o cara que sequer assumiu de fato o time em campo. Os filhos alegaram surpresa, que o pai já estava melhorando, etc. Honestamente, é difícil determinar quem faltou com a verdade nessa história mas o veredito é um só: contratar o cara em primeiro lugar já foi burrice.
Aí vem a pá de cal. Demitem o cara e JÁ ANUNCIAM O BARROCA no mesmo comunicado. Olha, não me levem a mal: acho que o Barroca é um dos técnicos mais promissores da nova geração, e que sua demissão ano passado foi uma tremenda injustiça. O cara tinha um time de perna de pau e conseguia ter posse de bola, além de ter sido ofensivamente produtivo e eficiente nos primeiros 10 jogos - aonde a pontuação feita foi o diferencial pra não cairmos. O problema é que, tal qual o Diniz há poucos anos, falta experiência pro Barroca amadurecer pra algumas situações de jogo, e principalmente, falta condição de trabalhar com calma. O cara que não vem de bons trabalhos, não é medalhão e assume uma rabuda como é esse Botafogo 2020, a chance de dar certo é quase nula. Bobear é negativa. O mais provável, e que já está acontecendo, é que Barroca cometa vários erros pelo desconhecimento de parte do elenco e a necessidade de obter resultados positivos a qualquer custo em tempo curtíssimo. Barroca é o boi de piranha perfeito pra essa diretoria largar o clube em terra arrasada e sair de fininho.
Se nossa diretoria fosse séria de verdade, com planejamento, Barroca teria sido de fato bancado ano passado e começaria o ano com um elenco muito melhor e tempo pra implantar sua filosofia e esquema em treinos. Mas a nossa diretoria tá entre as piores da história do clube: bicou o cara pra se apoiar em VALENTIM e depois ficar fazendo dança das cadeiras conforme a crise se instaurava no clube. Se há algum alento é que finalmente o grupo atual vai sair da diretoria. Entretanto, enquanto não houver perspectivas de profissionalização da gestão, pouco deve mudar.
Em campo, a bagunça dos bastidores inverteu todas as poucas bases sólidas que o time possuía. As demissões sequenciais de técnicos retiraram qualquer padrão tático do elenco. As gambiarras pra pagar salários e os resultados péssimos nitidamente geraram um racha entre diversas peças. Percebe-se facilmente que há uma exclusão dos gringos, com Honda e Kalou sendo seguidamente barrados ou preteridos (embora não tenham apresentado muito pra justificar titularidade, especialmente Kalou que veio a passeio) e Barrandeguy sequer relacionado, mesmo com as seguidas péssimas atuações de Kevin e Marcinho.
Aliás, esse é outro que compõe mais um problema extra-campo que virou interno ao campo: a reintegração promovida por Tulio Lustosa de jogadores completamente desinteressados em estar no Botafogo ou que tenham alguma capacidade de entregar algo ao elenco. Marcinho e Cícero vestirem a camisa alvinegra é algo INACEITÁVEL. Falando em desinteresse, percebe-se que Nazário e Pedro Raul não ficaram satisfeitos em não render por si, mas também passaram a arrastar os mais jovens do elenco em baladas.
Entretanto, poucos casos são mais emblemáticos do que Marcelo Benevenuto e Victor Luiz. O primeiro começou o ano como base sólida da defesa e segundo capitão do time: e fecha 2020 como o maior entregador de bolas do Botafogo no campeonato. Leituras erradas, falta de tempo de bola, braço muito aberto, faltas burras e até criminosas, passes na fogueira, afobação, a lista é gigantesca. A péssima temporada de Marcelo escancara ainda mais a péssima decisão de espanar o Carli pra fora do clube. Já Victor Luis é uma tragédia anunciada: não amargou a reserva da reserva no Palmeiras à toa. Seu nível técnico nunca foi muito alto, mas a parte física caiu bastante e taticamente tem sido uma barata tonta.
Enfim. Soma-se isso com as contratações sem critério e sem noção da diretoria. Warley, Eber Bessa, Kelvin, Kevin, o próprio Kalou, Davi Araújo, Rentería, Zé Welison, Forster, uma penca de jogadores que não disseram a que vieram e não parecem ter o mínimo de futebol pra pelo menos botar uma preocupação nos concorrentes quando jogam como titulares. Aliás, alguns sequer são postos pra jogo, o que me diz que devem ser fraquíssimos. Conseguir a proeza de não adicionar mais pro time em campo do que Lecaros, Babi ou Rhuan é realmente um esforço de mediocridade sem igual.
Ah, e pra botar a cereja no bolo do pessimismo, Honda pediu pra sair. Olha, mesmo sendo muito frio e considerando todas as n razões lógicas pelas quais qualquer jogador na posição dele deveria sair do time (bagunça dos bastidores, diretoria inepta, pandemia brasileira fora de controle), o que mata é o discurso. O cara chegou agitando a torcida, botou moral, agiu como "parceiro" e disse que ia chamar responsabilidade, e NÃO CONSEGUE COBRAR FALTA PORQUE O MARCINHO, O M A R C I N H O pagou esporro nele. Se quer ir embora e voltar pro ostracismo patético de jogar em clubes medianos, que vá. Inacreditável que o sujeito tenha jogado naquela rabuda do cacete que foi o Milan de poucos anos atrás e não tenha peito de segurar o rojão porque o BRUNO NAZÁRIO não toca a bola pra ele. Me poupe. Comprei a merda do balde de pipoca dele no Nilton Santos, combinou com o belo pipoqueiro do caralho que ele se provou. À merda com o discursinho dele. Boa sorte na carreira nada relevante para a história do futebol fora do Japão. Até o Seedorf saiu menos pelos fundos, e lutou por coisas grandes pelo menos.
É difícil demais ver qualquer esperança para a permanência na série A. Verdade seja dita, salvo um tapetão maluco por causa da pandemia piorar mais ainda, esse time sequer merece a permanência. Fez o roteiro do rebaixamento de cabo a rabo e ainda adicionou mais algumas páginas exclusivas. Mas fica a pergunta: é possível escapar?
Matematicamente, é sim, até razoavelmente. Se vencermos os adversários diretos nos jogos que restam (Vasco, Goiás, Sport, Athletico) e conseguirmos vitórias contra medianos, supondo que como nós esses concorrentes pontuem muito mal contra os times de topo, temos chance. A salvação viria na última rodada, se nos garantíssemos contra o Ceará. Mas essas vitórias parecem cada vez mais impossíveis, mesmo com as rodadas favorecendo. Corinthians era um adversário que era possível encaixar a vitória, e lá se foram 3 pontos. Novamente: esse time merece se salvar? Não. Mas o torcedor merece PELO MENOS esse alívio, com tanta merda acontecendo.
Pé na bunda de quem não quer jogar e se dedicar, bota a base se for preciso e pelo menos cai atirando, entregando.